José Andrade
A rua larga,
vaga, magoa da tua ausência cinza. A tarde atravessa-me os olhos, ofusca-me os
sentidos. Tudo faz sentido, os mínimos gestos contidos, as folhas vagando pelas ruas, os gritos, os bêbados, as
crianças... Quais são as minhas esperanças?
As casas encolhidas
sob nuvens grossas, gemem, temem o estampido vindo do ventre da terra. Teu corpo emoldurado pelas portas e janelas, sentinela,
vela a rua, cinza das horas. Não é o teu, mas o meu corpo na moldura,
sentinela, rua larga...
A tarde atravessa
meus olhos, ofusca-me os sentidos... Meu Deus! Tudo agora faz sentido!