José Andrade
Na escuridão da noite morna, salpicada pelas luzes do paço da cidade, eu passo despercebido pela multidão, caminhando em desalinho com os meus próprios passos. As ondas declamam o poema do mar aberto. Ó ondas, ò mar, ó ventos que soprais a métrica do poema da minha vida, revelai o segredo dos meus dias. Atirai-me ao abismo das horas como uma conchinha atirada ao nada. Nada sou, nada sei da palavra fácil, que confabula com os coqueiros o segredo daquele menino cujo choro já não se ouve. Dai-me tua palavra, teu verso, teu silencio, teu poema, pois esta é minha praia.