José Andrade

                                                                                 Eu me recuso dizer adeus

Hoje, dia 23 de outubro de 2010, foi o ultimo dia de aula do curso de especialização em Estudos Culturais, Historias e Linguagens da UNIJORGE, do qual eu sou aluno. Digo que sou aluno, porque ainda nos resta concluir o Trabalho de Conclusão de Curso, o temido TCC. O meu, trata-se de um projeto para o mestrado em lingüística aplicada e também serve para o mestrado em estudos da linguagem. Pretendo desertar sobre; Neologismo e a Conseqüência da Dinamicidade da Língua - A Palavra Inventada na Concepção da Oralidade á Luz da Obra “O Bem Amado.” Estou sendo orientado pelo Professor Sebastião Neto, a quem agradeço de coração pelas inúmeras contribuições que ele tem me dado.
Nossa turma possuía uma grande variedade de alunos que traziam consigo deferentes experiências dos diversos campos do conhecimento. Tínhamos numa única sala; psicólogos, sociólogos, advogados, padres, jornalistas, historiadores, artistas plásticos... Enfim, gente do mundo das artes e da cultura; um caldeirão cultural temperado com diversos saberes e sabores. Nós, esses alunos, levávamos conosco nossas experiências profissionais, afetivas, religiosas e existenciais. Na medida em que recordávamos conceitos clássicos acerca de alguns campos do conhecimento íamos formando nossos próprios conceitos e descobrindo a possibilidade de outros ainda em fase de gestação. Foi assim que começamos e enxergar o futuro como possibilidades e não como determinação. Sobre o amparo e a proteção do gigantesco guarda- chuva de Identidade e Gênero aprendemos novos conceitos sociologicamente aceitos, tais como; tolerância, coexistência, alteridade... Foi fácil assimilar estes conceitos porque eles traduzem a maneira que nós nos relacionávamos na universidade. Ainda lembro-me da descoberta destas palavras, as quais em outros tempos, Jesus chamou de caridade, compaixão, misericórdia, paciência, perdão e solidariedade. Quero e devo testemunhar que mesmo nos ambientes religiosos dificilmente existe um grupo no qual se vive caridade, compaixão, misericórdia e solidariedade como na nossa turma. Caridade é o nome bíblico do amor. Onde existe caridade Deus ai está!
Mas hoje chegou para nós a hora do adeus e acabei de constatar que há certas coisas que eu tenho muito que aprender. Ah! Deus, quem diria que este momento fosse chegar para nós? Foram muitos os nossos colegas que desistiram no inicio e outros que foram ficando pela estrada durante a caminhada. A minha vida de nômade de Deus, tem me levado por vários lugares e neles encontrei a oportunidade de conhecer varias pessoas. Vivo dizendo adeus a estas pessoas e os lugares por onde passei para ir em busca de outros mundos. O quanto amei ou deixei de amar, tudo isto eu sei, eu só não sei, se um dia haverei de aprender dizer adeus. Pensando bem, a nossa vida é um prolongado adeus. Todos os dias quando acordo não tenho mais o tempo que passou, diz a letra da canção; Tempo Perdido, de autoria do cantor e compositor Renato Russo. Por isso, todos os meus olhares são de adeus, disse Mario Quintana.
Eu da turma dos Novos Bárbaros, me recuso dizer adeus para meus colegas de Estudos Culturais. Ao invés de dizer adeus, quero homenageá-los com este texto de Fernando Sabino: Se em horas de encontros pode haver tantos desencontros, que à hora da separação seja, tão somente, a hora de um verdadeiro, profundo e coletivo encontro. De tudo ficaram três coisas: a certeza de que estamos começando, a certeza de que é preciso continuar e a certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo, fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sonho uma ponte, da procura um encontro. Fica a promessa do reencontro... Fica o desejo de boa sorte... Fica a vontade de que lutes e venças.
Obrigado senhores, obrigado senhoras pela doce presença da compaixão, misericórdia, solidariedade e amor. Obrigado por serem amor! Deus é amor, por isso é que se diz; os amigos são Deus que cuida de nós. Estamos no mundo para cuidarmos uns dos outros.